Honestos • Inacabados #4
Olá meus amigos,
Depois de passar 5 meses em NY, estou de volta ao Brasil, agora morando em São Paulo (até logo amigos do Rio). Neste processo de mudar e ajeitar o apartamento, acabei por não conseguir mandar o log de Junho. Então a edição desse mês é Junho e Julho tudo junto.
Feliz de estar de volta em terras brasileiras. A imagem de capa é um gif do meu sábado passado. Em que fizemos nossa mesa de trabalho: Cortar, Laminar, Lixar, Selar, Lixar e arredondar os cantos. Um processo que me lembrou muito o de cozinhar e se conectar com a forma em que as coisas são feitas.
Descobertas do mês.
- Não frequentemente, preciso baixar vídeos do youtube e, toda vez, me debato para encontrar um site que não abra mil popups ou com CLIs que, porque nunca uso, esqueço os comandos. Até que encontrei essa belezinha: youtube-dl-interactive. Recomendo.
- Ano passado assinei o MasterClass, e ultimamente tenho visto as aulas de game design do Will Wright, criador do The Sims. Em uma das aulas ele comenta sobre o pico máximo de uma ideia e usa a imagem abaixo para exemplificar que às vezes, para chegar em um ponto melhor, você precisa ir para outra colina. Achei a imagem muito auto explicativa e com certeza vou usar um dia haha.
- Esse texto é um dos destaques que li esse ano. Um conteúdo honesto sobre decisões de design. É um transcript de uma talk em que os designers/devs da Apple fizeram sobre o primeiro sistema operacional Mac (Lisa). Poderia destacar algumas partes aqui, mas só a leitura completa traz a dimensão das decisões históricas que seguem conosco até hoje e a importância do primeiro sistema operacional com interface gráfica. Fantástico. "Origins of the Apple human interface"
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Para encerrar, fica essa citação do seriado Dark que bota a cabeça para girar:
O homem tem adorado há milênios o Deus que mantém tudo unido, esse Deus nada mais é que o próprio tempo. Não uma entidade que pensa e age. Uma lei da física. [...] Deus é o tempo. E o tempo não tem misericórdia. Nós nascemos e a nossa vida já está correndo.
O que passou na minha cabeça.
- Tive uma conversa muito interessante com um amigo francês. Falamos sobre as referências que um país tem, especialmente durante sua história. Na ocasião foi citado o Ayrton Senna como um ícone brasileiro. Olhando para ele com mais cuidado, senti que admirá-lo não agrega valores que eu considero interessantes a longo prazo (discordem se necessário): um piloto agressivo, que colocava em risco sua vida e a dos colegas de profissão, também nascido de uma família rica, sem a representatividade de uma ascensão de classe, muito comum no esporte. Com essas afirmações, meu amigo francês me mostrou a foto do funeral do Victor Hugo. Escritor do século 19, autor de um clássico literário mundial, os Miseráveis. É incrível notar como o funeral estava lotado mostrando que sua obra realmente impactou grande parte da população e confirma a imagem de um francês preocupado com as diferenças sociais. Como brasileiro temos um costume de depositar nosso referencial em vencedores e não na mensagem que deveria ser passada.
- Muito influenciado pela série Dark, me peguei refletindo bastante sobre o tempo, seja ele o deus não misericordioso que rege o planeta ou a moeda que gira igual para todos. E nossa indústria digital tem considerado o tempo como métrica para monetização: uma métrica isolada que passa por cima das necessidades do usuário. Li isso em um tweet: Imagine uma biblioteca que aplique essa métrica para comprovar sucesso. Ela provavelmente desordenaria os livros, para que você passe mais tempo procurando o que quer ler. Frequentemente me notei abrindo o celular para pedir um Uber e, ao engajar na tarefa automática, lá estava eu no instagram, sem ainda conseguir pedir o carro. Os apps ganharam do meu controle pessoal. Finalmente decidi mudar o modo que uso o celular para tentar romper a Economia de atenção e recuperar o tempo que é meu. Baseado neste texto configurei meu celular deste modo:
- Desativei todas as notificações de badge. Sem mais pontos vermelhos no meu celular.
- Apenas os apps mais importantes ou DMs aparecem como notificação. E posso zerar elas pelo notification center. (sem ifood me avisando que é dia de pedir comida)
- Como coloquei todos os apps em uma pasta, meu comportamento agora é muito mais ativo. Eu preciso buscá-los. Se eu realmente quero ver o instagram eu preciso, de fato, digitar instagram. O que me deixa consciente da escolha.
- Usei os widgets para informações que preciso apenas olhar diariamente: Como o calendário, clima, etc
Algumas ideias que tive.
- Personagem de um game que é usuário de Twitter
Um bot que vai twittando as ações de um personagem dentro de um game. Poderia ser um The Sim, pois chegaria muito próximo a uma pessoa de verdade: "Estou com fome", "Indo trabalhar", mas serve também para personagens de RPG: "Comprei uma espada nova", "Dormi na floresta." - Kilos honestos
Lembram que na newsletter anterior eu comentei da ideia de associar anotações com localizações geográficas? Desse sistema poderia sair facilmente uma lista de restaurantes por kilo onde a comida é boa e o preço não é absurdo. Paulistanos vão entender.
- Análise de resenhas de filmes
Analisar resenha de filmes escritas pela internet e identificar como a percepção do filme mudou em relação à relevância de um assunto na mídia e, eventualmente, com o tempo também. Conversando com uma amiga sobre o filme Into the wild percebi esse detalhe interessante: Abri a primeira página de resenhas com rank baixo de 2019 a 2018 e o conceito de white privilege aparecia 3 vezes. Com resenhas de 2014 / 2013 a ocorrência era 0. Será que é possível achar essa correlação?
Jiripocas
- Final de junho, coloquei no ar mais uma leva de posters da copa. Em parceira com a Karina Siqueira, fizemos um novo layout para a copa feminina de futebol.
- No começo do ano, troquei o Sketch pelo Figma e uma coisa que sentia falta era poder renomear meus artboards usando o X e Y da página e não a ordem que eles foram criados. Está aí um plugin para resolver isso. :)
- Tem um pessoal incrível que usa código para desenhar e faz isso diariamente. E é sempre uma boa fonte de inspiração para minhas pirações gráficas. Criei um repositório no github para favoritar os sketchbooks com código que encontro pela interwebs.
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Fim dessa edição dupla.
Obrigado por ficarem comigo até o final.
Um abraço
- Zeh