Honestos • Inacabados #2
Olá meus amigos, prontos para a segunda edição dessa newsletter que tem conquistado o Brasil?
A imagem de capa é uma foto que eu mesmo tirei ( 😍 ) de uma obra dos meus artistas favoritos, o Sol Lewitt. Ele foi um pioneiro da arte generativa antes do computador. Partindo do princípio que cada pessoa desenha com linhas diferentes, suas obras são instruções abertas. E até hoje depois de sua morte muita gente ainda re-interpreta essas instruções. O parágrafo da obra da foto é:
Wall Drawing #411: Isometric figure with progressively darker gradations of gray ink wash on each plane
Descobertas do mês.
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Esse mês me forcei a usar o Framer X. A ferramenta tem ficado robusta para componentes isolados, mas orquestrá-los, na minha opinião, ainda é complicado. Um workflow interessante que encontrei foi utilizar os
Code Components
para criar os estados e as transições entre eles, e o conceito deOverride
para persistir data e acionar as props que vão mudar os estados doCode Component
. Também estou coletando alguns snippets úteis nesse repositório. -
Terminei o primeiro livro da trilogia sobre design da informação do Edward Tufte. Minhas notas e destaques do livro você pode dar uma olhada aqui: The Visual Display of Quantitative Information.
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Ouvi no IRL o termo Surveillance Capitalism da autora Shoshana Zuboff. Ela define a nossa era econômica: empresas monetizam em cima dos dados armazenados a partir do monitoramento de comportamento. O velho papo da privacidade digital. Mas o interessante da lente que Zuboff coloca é a capacidade que os grandes centros de dados têm de manipularem comportamentos de massa. Pensem em manifestações, consumo, opinião política (alô, Cambridge Analytics). Um exemplo que ela trouxe foi da empresa responsável pelo Pokemon Go, a Niantic Labs. Eles realizaram um experimento em que estabelecimentos pagavam para cada pessoa que eles levassem por causa do jogo; Óbvio que isso bateu no meu senso aranha e o que tenho tentado fazer é diminuir a quantidade de informações que eles conseguem relacionar sobre meu tráfego. Atualmente estou usando Firefox, uBlock Origin, DuckDuckGo, NordVPN e no celular Firefox Focus e 1.1.1.1.
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Fecho essa seção de descobertas aleatórias pessoais com essa maravilha do Gilberto Gil que chegou a mim pelo podcast Travessias
Não tenho medo da morte
Mas sim medo de morrer
O que passou na minha cabeça.
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Uma fala do Alexander Tochilovsky me fez refletir sobre um grave problema do estudo do design: vemos todas as peças icônicas da nossa história de forma isolada; uma imagem na página. A questão sobre essa abordagem é que, ao vê-la isolada do processo, do contexto e da aplicação, você está aprendendo apenas sobre o seu estilo visual e pouco sobre a motivação dessa escolha e das decisões tomadas sobre as informações ali dispostas. Um reflexo disso é ouvirmos "Deixa esse layout mais modernista" pedindo para aplicar o estilo visual modernista e ignorando todos os outros fundamentos do modernismo. Precisamos de estudos mais atentos na história do design gráfico, para se olhar a obra em seu contexto (comparado com outras peças), seus processos e resultados.
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Após toda a polêmica do poster do Dead Kennedy e, por fim, seu cancelamento da turnê no Brasil, o Marcelo D2 tweetou: "O rock morreu" se referindo ao tempo que o rock/punk era a voz política. Lendo as respostas, me veio à mente, sem fact checking, que o rock sempre cantou sobre, e por tal foi considerado controverso, a respeito de liberdades individuais, sexualidade, julgamento moral. Mas hoje estamos em pautas muito mais coletivas e o rock não parece estar dando voz a essas reivindicações, e arrisco dizer a pregação da liberdade individual formou muito desses tiozões que não conseguem entender privilégios e consciência de classe.
Algumas ideias que tive.
- Museu de interação
Enquanto estava visitando a exposição The Value of Good Design do MoMA, vendo todas aquelas cadeiras e utensílios, me peguei olhando mais tempo para um jovem sentando usando o celular do que a La Chaise do Eames. E pensei: como poderiam ser exibidas peças de Design de Interação? A exposição seriam vídeos de pessoas usando software/apps e para cada pessoa uma descrição etnográfica. E durante a exibição você vai assistindo o uso dessas mesmas figuras etnográficas em vários apps e em várias épocas. Desde o windows até o celular hoje em dia.
Jiripocas
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A primeira jiripoca dessa semana é esse plugin de Sketch que conecta a feature de Data Supply com uma Spreadsheet do Google. A graça dele é que cada nova linha na planilha é um tipo de dado novo no menu. Não sei o quão útil é na prática. Ainda tem alguns detalhes para finalizar (e não sei se vou, rs), mas quero explorar mais esse lado de conectar Spreadsheet com o Sketch. Se você quiser me contar como acha que usaria isso no dia dia, vou adorar ouvir. Link
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Estava discutindo com o Nico Eberianos, sobre a dificuldade de fazer e manter atualizado o portfolio. Ainda mais quando você não está procurando emprego e quer só uma referência para comentar sobre um projeto. Dessas conversas fizemos um demo do que seria o portfolio mais simples possível. Nada mais que click ou setas para avançar entre imagens. Se quiser usar sinta-se a vontade.
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Obrigado por mais uma edição.
Um abraço
- Zeh