Tempo de leitura: 10 min.
Olá,
Espero que esteja bem aí. Por aqui, sigo desviando do coronavírus (passou um de raspão) e tocando a vida.
Disse, no última mensagem (em outubro!), que voltaríamos a nos falar ainda em 2021. Não rolou, foi mal. Abaixo, como sempre, um punhado de coisas sem ordem que reclamaram um espaço na minha cabeça nos últimos meses.
Passei três anos longe do Instagram e do Facebook. (Até cometi um textão no aniversário de dois anos.) Não fazia falta, até que num dia fez e, então, fui lá e fiz uma nova conta. E agora, em janeiro, fiz uma nova conta no Facebook.
Ainda acho o Facebook (~Meta, agora) uma empresa nociva, mas (e sempre tem um “mas”) é nesses lugares onde as pessoas estão e se comunicam e… sei lá. Não me surpreenderei se daqui a alguns meses decidir excluir esses perfis, porque acho que somos cíclicos. No momento, estou numa fase em que me sinto mais isolado que o habitual, distante das pessoas do meu convívio, ou que gostaria que fossem do meu convívio. Daí o caminho mais fácil: ir aonde elas estão, ou seja, ir às redes sociais.
Para isso, elas funcionam minimamente bem. (Sempre que eu disser isso, considere feitas todas as ressalvas do tipo “é um recorte das vidas delas”, “o algoritmo filtra tudo” etc.) Diria que funcionam melhor em contas/perfis novos, como os meus, ainda sem a bagagem acumulada de anos adicionando pessoas que vimos uma vez na vida, páginas de memes e de — bate na madeira — empresas querendo se passar por gente.
Consigo ver os novos posts e stories das pessoas que sigo em… sei lá, 10 minutos por dia, se muito. E isso contabilizando a enxurrada de anúncios que o Facebook/Instagram despeja na gente. É insalubre. Como uso bloqueador de anúncios em tudo, os do Facebook/Instagram ficam mais destacados. (Não dá para bloqueá-los.)
Outra constatação curiosa de seguir uma base reduzida de pessoas é que algumas são “super postadoras” e acabam se sobressaindo, ficando em mais evidência. As motivações parecem bem diversas. Independentemente delas, esse experimento revela como nessas redes é preciso se expôr muito para ser visto.
Eu realmente gostaria que usássemos serviços melhores, como o HalloApp, uma espécie de WhatsApp misturado com Instagram, mas sem manipulação algorítmica, uma arquitetura para privacidade melhor pensada e menos incentivos para sermos performáticos. Sigo por lá também, esperando. Vai que um dia o HalloApp vire mania, né?
(Daqui a algumas semanas elaborarei melhor a experiência de retornar às redes do Facebook na newsletter do Manual do Usuário. Se você ainda não a recebe, clique aqui e inscreva-se gratuitamente.)
Há muito desisti de resoluções de ano novo. Coincidência ou não, estou chegando ao fim de janeiro mantendo dois hábitos com surpreendente regularidade: a leitura de livros e a prática de exercícios físicos. Tenho lido pelo menos algumas páginas todo dia (o menor volume foi sete páginas dia desses) e fazendo exercícios físicos dia sim, dia não.
São hábitos que sempre quis manter, que consigo manter em períodos blocados, mas quase nunca com regularidade — ou seja, nunca viraram hábitos. Do que pude observar, dois detalhes têm me ajudado com a sequência atual:
Por falar em livros, compartilho abaixo a lista dos (poucos) que li e não li (abandonei) em 2021, com breves comentários, em ordem cronológica (de janeiro a dezembro):
Desde 2020 uso um aplicativo para monitorar minhas leituras, o Leio (iOS). Ele tem uma parte de estatísticas que permite ver dados consolidados, então sei que em 2021 passei 126h27min lendo, e que li 4.587 páginas, por exemplo. E é todo offline, ou seja, seus dados ficam privados. Em 2022, pretendo bater a meta, e aí dobrar a meta.
Em janeiro, li dois: “Reinvenção da intimidade: Políticas do sofrimento cotidiano”, do Christan Dunker (achei muito técnico, aproveitei umas poucas partes, boiei no resto) e “Uma verdade incômoda”, da Cecilia Kang e Sheera Frenkel, mais um da categoria “big tech fede”. Escrevi umas palavras desse último no Manual.
Para filmes, adotei o Letterboxd mesmo, o que me poupa o trabalho de listar e dizer de quais filmes gostei em 2021 nesta mensagem. É só clicar aqui para ver a lista — os filmes com coração, por óbvio, são os que eu curti muito.
Foram 79 filmes, média de 6,5 por mês. Um bom volume.
O Letterboxd só falha em não oferecer um filtro para a nacionalidade dos filmes. Desde 2020 tenho tentado assistir a mais coisas não-norte-americanas. Em 2020, quando fazia o registro manualmente, consegui. Em 2021, me desculpe, mas não estou muito no clima de fazer essa contagem. Porém, dando uma olhada por cima, acho que consegui de novo. Não que seja muito difícil. (Que blasé, né.)
Do que vi agora, em janeiro, ganharam coraçõezinhos:
Compramos um Roku Express na última Black Friday e isso, somado à união dos nossos streamings (meus e da P.), expandiu o acesso às coisas que temos para ver. (A minha TV não tem apps para o HBO Max e MUBI, por exemplo.) E, ainda assim, tive que piratear o “Sete minutos no paraíso”. Pirataria sempre superior.
Todo fim de ano faço um recesso no Manual. Acho bem útil, para descansar, para consertar várias pequenas coisinhas e pensar em novas ideias. Uma em que pensei e que já se mostrou um sucesso é a newsletter da segunda-feira, sempre com uma dica fácil, rápida e útil. O retorno pelos botões de feedback me surpreendeu — esses e-mails de dicas geram mais cliques nos botões e a maioria é super positiva.
Fora isso, em janeiro já rolaram algumas coisas legais por lá:
Algumas indicações — ou coisas que eu uso e que têm programas de indicações que dão benefícios a quem se cadastra e a mim:
Obrigado pelas dicas de convivência a dois na última newsletter! O período inicial é realmente turbulento, e a mudança… meu deus, que estressante. Felizmente a fase mais difícil passou e agora as coisas estão tranquilas.
Mês que vem, se der, a gente se fala de novo. (Você pode responder esta mensagem como se fosse um e-mail qualquer, aliás.) Talvez eu devesse incorporar o envio mensal da newsletter às resoluções, digo, aos hábitos de 2022. Tentarei.
Abraço,
Rodrigo Ghedin.